Eu queria escrever sobre Florianópolis, mas a Elaine e a Beth me fizeram uma pergunta hoje, que não deixou Belém sair da minha cabeça: "A minha dúvida é: o que é chibé? O que é papachibé?"
Além disso, eu também li lá na Nina as lembranças de infância dela láááá em Manaus, quando ela se embalava na rede e ouvia as músicas que a mãe adorava escutar...
Pronto! O cenário da saudade se instalou novamente.
Ali do ladinho eu tenho uma figurinha (não sei qual o nome certinho. Target?), que a Meiroca me ajudou a fazer, onde está escrito "I am PapaChibé". Decidi fazer assim porque lá em Amsterdam tem o "I amsterdam", e foi assim que pensei na brincadeira. Aliás, se minhas conterrâneas quiserem fazer uso do trequinho ai do lado, pode, viu? Só dizer que veio daqui, tá maninhas?
Mas voltando ao assunto. Segundo o Dicionário Papa-Chibé (sim! nós temos um dicionário só nosso!) ser Papa-Chibé, significa ser genuinamente Paraense, daquele um que não dispensa o pirão de água com farinha e camarão ( Ou com pirarucú frito. Ou com mapará muquiado. Ou com charque seco). E esse pirão indígena É o chibé, viu meninas? Aaaaaah, muito bem! Mas espia: o chibé pra ficar bom tem que ser feito com a farinha de mandioca, daquela amarelinha (eu prefiro a baguda). Não adianta tentar com essa farinha que se come aqui no sul, branca e sem gosto. Desculpem os não nortistas.
Lembro que lá em casa se a gente ficava doente a vovó corria pro fogão e fazia o Caribé, que é a versão quente do chibé, porque vai ao fogo e tem que ficar lá um tempo mexendo a farinha com água que é pra engrossar. Segundo a vovó, o caribé tem "poderes" de cura que a medicina desconhece... Se é verdade eu não sei, mas se tava gripado dá-lhe caribé. Febre: caribé goela abaixo. Catapora, caxumba, pano-branco: "corre e faz um caribé pra ela!" Eu lembro que a barriga ficava graaaande, inchada e quentinha... Aí a gente dormia, dormia e... acordava bonzinho!! Juro pra vocês!
Ah, e tem a rede! Meu Deus como é bom dormir em rede! Vocês já experimentaram? Aqui em casa temos duas, sendo que uma delas cabe "quatro mocotós", como diz o amasiado. Nessa a gente se esparrama a tarde inteira (quando pode, claro) e dorme, sonhando que está lá em Belém.
Até já reparei que paraense, quando vê uma sacada ou uma varanda já se pergunta se dá pra atar uma rede. Não é, mana?
E rede só me lembra as viagens para Cametá, nos barcos que atravessam os rios, "grávidos" de gente, de paneiro, mala, saco, saudade e redes, muitas redes, de todas as cores. Uma rede por cima da outra, nun trançado que parece uma teia de aranha. Lá dentro, quando o barco ganha o meio do rio e a maré faz a gente balançar, tu nem precisas empurrar a rede. Ela vai sozinha, pra lá e pra cá, no ritmo próprio. É o jeito do rio de ninar a gente.
Mas eu acho que já sei porque a pergunta da Elaine e a história da Nina foram tão certeiras na minha saudade. É o Círio que tá chegando... E paraense tem isso também. Quando o Círio se aproxima, a gente fica meio bicho enjaulado, querendo sair. Dá uma cuíra, uma vontade doida de se jogar no mundo.... Mas sabe o que é isso? É a Santa que chama a gente pra lá...
(fotos Google)
12 comentários:
Ivana,
Tô deixando o google. Quero você agora!
Então é isso? Um tipo de pirão? Se bem que eu acho que é mais uma metáfora. Uma coisa de saudade e de nostalgia...
E que lindo isso da Santa chamar para o Círio de Nazaré! Sempre vivi no mesmo lugar, então minhas saudades são temporais e não espaciais. Ficou confuso, né?
Hum, isso dá um post...
Beijos e obrigada pelas notas de esclarecimento rsrsrs
Nem me fala, Ivana!
Tomei tanto caribé... hahahaha
E vou te dizer que esse teu post me deu a ideia de publicar um dicionário paraense que recebi por e-mail! Ai, que saudade da Nazoca!
Menina, não tem um mês de Outubro que eu não chore muito de saudade ao ver as reportagens sobre o Círio... Vontade de fechar os olhos e, ao abrir, estar lá no meio do povão, na trasladação, acompanhando a Nossa Santinha, desde a Basílica até a Praça dos Estivadores... A homenagem ali dos fogos marcaram toda a minha vida, bem coisa de paraense... Isso de você falar que a Santa nos chama é o mesmo que penso e sinto. Se eu te disser que acompanho o Círio pela internet no domingo pelo site da Liberal... Menina, eu sofro um monte!
Dá uma lida nos posts: Só paraense sabe..., Uma saudade… Uma boa lembrança… Círio de Nazaré…, Origem do Círio de Nazaré e O Círio e suas Músicas. Mato a minha saudade dessa forma... Claro que este ano tem mais desabafos...
Show de post! Adorei mesmo!
Bjs, bjs, bjs
a nossa essência será sempre uma marca que não podemos, não queremos apagar da alma, ser o que se é é simplesmente ser-se belo, sentir-se bem com nós mesmos.
Ai o Círio... nao fala nao mana... nao fala nao!
BALADEIRA... rede no barco vira baladeira. Bernardo é doido pra viajar numa gaiola dessas "de baladeira". Tua acreditas que trouxe três redes do Brasil... E NAO TROUXE OS ARMADORES. meus enteados improvisaram e cada um tem sua redinha no meio da sala (varanda no inverno é phoda mana)... e eu tenho as minhas três até hoje aqui sem usar... Alemanizei, será?
Mana, deve ter nego agora se acabando no Google pra desobrir que porra é essa de "mapará muquiado" hahahahaha égua, zilhoes de anos que nao escuto isso!
Hihihi, quis dizer que vocÊ tá melhor que o google para esclarecer as coisas...
Beijos.
Ai q post gostoso...quero muito experimentar um chibé e na minha casa tambem tem rede é uma delicia ficar a tardinha...bom fim de semana
Ivana também é cultura! Explicadíssimo!!!rs
Beijão
ah, esse sininho seu aí do lado me dá cada susto! hahah
Meu Deus! Um dicionário só pra vcs!!! Que absurdo...rsrsrsrs
Mas entendi, é tipo um carioca da gema....rs
Adorei, teu blog tb é cultura!! rsrs
Vou decorar e estudar e te visitar rs
bj
Manazinha querida,
Nossa que post bacana, elucidativo, cultural e educativo.
Pensava que este tal chibé era algum peixe da Amazônia, mas não, na verdade, pelo que conheço aqui do sudeste é uma espécie de "cataplasma" que mineiros e cariocas fazem para tirar gripe e catarro das crianças.
Só que o tal chibé de vocês, além da farinha e água, ainda tem o camarão, que delícia!
Esse nosso país é tão grande, tão cheio de diversidade cultural e aí vem uma besta quadrada, metido a noveleiro e só mostra o Leblon e aquela gente que vive um Brasil copiado dos americanos na riqueza e violento como um Haiti.
Obrigada pelos esclarecimentos querida.
bjs cariocas
Só comi chibé quando criança,que a vovó fazia;agora rede pra mim é o máximo;atualmente meu quarto tá uma esculhambação só mas breve vou botar um armador que falta preu balançar no ventinho da janela.
ahahaha
Elaine, qdo vc disse que tava deixando o google, achei que ias fazer um blog com aquele "tár" de Worldpress. Nem sei se o nome é esse mesmo! hihihihih
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Nade, eu não sabia que dava pra acompanhar o Círio assim... Me passa o endereço? Ah, mana, li lá os teus posts! De paraense para paraense, que só paraense entende...
Beijo!
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Ciça, aqui em casa as baladeiras não são guardadas nunca. Podem até não estar sendo usadas, mas ficam ali enroladas e penduradas na parede!
Beijo!
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Lú, se um dia eu for ao ai pros teus lados, eu faço um chibé pra ti!
Beijo!
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Jóia Renata!
Menina, esse sininho confunde até a mim. As vezes acho que tá tocando aqui em casa, e aí eu lembro que não tenho um! hihihih
Beijo!
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Déia, mas pra me visitar tu terás que vir à Floripa. Menos longe, né?!
Beijo!
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Beth, que bom que gostastes!
Sabes que me passaram tantas idéias para uma novela das 20h, na globo... Hum, isso dá até post!
Beijo!
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Anun, ajeita logo esse quarto mulher!! Hoje eu estou de folga e vai ser um dia de ficar só me embalando e lendo!
Beijo!
Chibé, pirão... não sou muito chegada. Minha tia fazia pirão para os meus primos para que eles não ficassem doentes (ela preparava assim como a sua vó, mas com uma farinha especial de mandioca que só vendem no litoral paranaense, pois esta branquinha comun não é tão saborosa). Ai, e rede... nem me fale, lembro-me das férias de verão na praia (tínhamos uma do Ceará - lindona!). Bjcoas.
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